José Roberto Colnaghi, da Asperbras

JOSÉ ROBERTO COLNAGHI, DA ASPERBRAS, FALA DE SUA TRAJETÓRIA DE SUCESSO

 

José Roberto Colnaghi, da Asperbras

Quando Francisco Colnaghi abriu uma pequena loja de Implementos Agrícolas, em Penápolis (SP), batizada com o sobrenome da família, há mais de 50 anos, não imaginava a longa trajetória de sucesso que a empresa teria. O ano era 1966, o Brasil se preparava para um grande salto de industrialização e crescimento, que viria acontecer poucos anos depois. E, junto com ele, a empresa da família Colnaghi se transformaria em um dos maiores grupos empresariais brasileiros, com cerca de 5.000 colaboradores, no Brasil, na Europa e na África.

A empresa, que passou a ser administrada pelos filhos, José Roberto Colnaghi e Francisco Carlos Jorge Colnaghi, após o falecimento do fundador, mudou de nome para Asperbras (1985) e já era reconhecida no mercado pela sua fábrica de tubos de PVC para a irrigação. Além de comercializar implementos, iniciou a fabricação de tubos e conexões, utilizados na irrigação de lavouras.

Atualmente, além da produção de tubos e conexões em PVC e por Rotomoldagem, o Grupo também atua nas áreas de tecnologia industrial e construção; geologia e mineração; indústria alimentícia, empreendimentos imobiliários; concessionárias de veículos, energia por biomassa, programas sociais até chegar aos painéis de madeira certificada.

Nos próximos meses, o Grupo Asperbras irá inaugurar o seu maior empreendimento: uma fábrica de MDF (madeira certificada) a GreenPlac, em Água Clara (MS). Até o final do ano, também abre as portas de mais uma unidade da indústria de laticínios Bonolat, em Penápolis.

Cada um desses grandes empreendimentos têm suas peculiaridades. A GreenPlac irá utilizar energia gerada por uma termelétrica que funciona a partir de biomassa. Também pertencente ao grupo, a usina utiliza como matéria prima os rejeitos de madeira da própria fábrica, em um sistema de autossuficiência e que produz energia limpa.

Além da preocupação ambiental, a Asperbras também se preocupa com todos os parceiros que fazem parte de sua cadeia produtiva, como a do leite, em Penápolis. Ao instalar uma unidade que irá processar um milhão de litros de leite, a empresa está implantando um programa voltado aos fornecedores, que inclui transferência de tecnologia, pré-financiamento para aquisição de vacas e melhoramento genético.

José Roberto Colnaghi, CEO do Grupo Asperbras explica o sucesso da empresa por meio de uma combinação de trabalho, humildade e respeito ao próximo, fórmula herdada do pai. “Nós trabalhamos para mantenha o lucro sem prejudicar o fornecedor e o cliente”, diz. Veja abaixo os principais momentos da entrevista.

FS: Como a Asperbras chegou à posição em que está hoje? Quais foram seus principais acertos?

José Roberto Colnaghi – Viemos de uma organização familiar. Antes dos 18 anos, eu e meu irmão Francisco começamos a trabalhar com o nosso pai. Na verdade, comecei aos 12 anos e meu irmão logo após a formação em engenharia por volta dos 23 anos. O início foi em uma pequena empresa que vendia implementos agrícolas, criada pelo meu pai, em 1966, na cidade de Penápolis, no interior de São Paulo. Conquistamos um nicho de mercado entendendo a necessidade dos agricultores daquela época. Logo entendemos que o esforço que fazíamos para vender, por exemplo, apenas um equipamento pelo valor de R$ 5.000,00 com o mesmo empenho e desgaste, poderíamos vender um sistema completo de irrigação por R$ 200.000,00.  A partir disso, fundamos a nossa atual empresa Asperbras, em 1985, e começamos fabricando tubo de PVC para irrigação e saneamento básico. Hoje, temos três unidades: em Penápolis, Simões Filho e Macaíba fornecendo nossos produtos para todo o mercado brasileiro.

Também temos uma boa experiência no setor imobiliário. Investimos em loteamentos, principalmente na região de Penápolis, nossa cidade natal, pela proximidade. Depois expandimos os negócios para outras áreas e, hoje, temos cerca de 10.000 lotes.

Outro negócio que considero ter sido um acerto foram as fazendas de gado. No primeiro momento, pensamos em ter uma área e criar como uma garantia de recursos para uma eventualidade de doença na família. Com o tempo, recebemos pessoas de Angola, que vieram ver o sistema de engorda de boi que havíamos desenvolvido. Logo em seguida, começamos a exportação e fomos convidados para visitar o país e entender as necessidades. Nessa movimentação, tendo como referência a qualidade de nosso produto e a seriedade do nosso trabalho, outros grupos fizeram contatos e hoje estamos em 3 continentes.

FS: O que levou a empresa à diversificação de segmentos?

José Roberto Colnaghi: Acredito que a energia da nossa juventude ajudou muito. O relacionamento com as pessoas, o entendimento rápido das situações e especialmente das necessidades, sejam das empresas, dos governos ou das pessoas, nos fizeram ter um olhar voltado às oportunidades. Nós tínhamos várias propriedades de criação de gado no Mato Grosso do Sul e começamos a plantar eucalipto para vender às empresas de celulose da região.  Com o passar do tempo e com a produção se avolumando, entendemos que poderíamos construir o nosso próprio negócio. Foi assim que resolvemos construir uma fábrica de painéis de madeira certificada, MDF, em 2014. Hoje, ela está nos detalhes finais para começar a funcionar, na cidade de Água Clara (MS).  Com certeza será a fábrica mais moderna de MDF do Brasil. Trouxemos 450 contêineres de equipamentos da Alemanha, além dos comprados aqui no Brasil. Tudo tecnologia de ponta. A cidade terá uma movimentação muito grande, imaginem que são 30 carretas ‘treminhão’ de mercadoria entrando e saindo diariamente, gerando muita renda local.

A matéria prima para montar o negócio era o eucalipto, já plantávamos. A segunda necessidade era ter energia elétrica. Para isso, compramos uma termoelétrica, por meio da qual geramos nossa própria energia e ainda contribuímos com o meio ambiente, já que utilizamos as toras de madeiras e restos de muitas fábricas de móveis na nossa usina de biomassa Consumiremos 15.000 toneladas de cavacos por mês para gerar 12 MW de energia.

FS: Como o Grupo conseguiu ter negócios em áreas tão distintas umas das outras?

José Roberto Colnaghi – As oportunidades foram surgindo e uma área foi puxando a outra. Veja o exemplo da GreenPlac, nossa fábrica de MDF, a partir da necessidade de gerarmos energia, acabamos investindo em uma usina. Sempre fizemos os investimentos com nossos próprios recursos e de forma segura. O que ganhamos em um empreendimento, investimos em outro, mas dentro das nossas possibilidades. Como se diz no interior, sempre vamos até onde as nossas pernas alcançam.

Também contamos com uma equipe de colaboradores que estão conosco há mais de 30 anos, e, claro, com novos que acabaram de começar. Temos uma cultura que já foi assimilada, o que também nos ajuda na diversificação, pois temos gente que luta junto com a gente para o sucesso das empresas. E esse é um dos meus principais trabalhos, manter as equipes unidas, em harmonia trabalhando com entusiasmo e vibrando com o crescimento do Grupo.

FS: O que o estimula a manter investimentos produtivos?

José Roberto Colnaghi – O que mais nos estimula é ver que nosso trabalho resulta em sucesso dos nossos empreendimentos. Somos empresários, mas não pensamos só no lucro. Temos um imenso prazer em trabalhar, em empreender, em enfrentar os desafios, em ver as nossas ações frutificarem, em gerar empregos. Nos preocupamos com as pessoas, com o entorno dos nossos empreendimentos. Temos uma fundação, que leva o nome da minha mãe – Nelly Jorge Colnaghi – que atende mais de 240 crianças em Penápolis e já existe há quase 17 anos. Sempre apoiamos o Hospital de Câncer de Barretos, orfanatos, escolas e iniciativas que preservem o meio ambiente como a Flora Tietê.

FS: Por que a Aspebras decidiu investir em MDF?

José Roberto Colnaghi – Resolvemos construir a fábrica de MDF principalmente porque, como já disse, tínhamos a matéria prima.  A região de Água Clara que antigamente tinha sua economia voltada à pecuária começou a oferecer incentivos para o plantio e produção do Eucalipto, com a intenção de diversificar a produção local. E, consequentemente, surgiram as fábricas de celulose. O gado se mantém, contudo é visível o crescimento dessas novas economias. Nossa fábrica foi resultado desse processo que se construiu ao longo dos anos e porque tínhamos a matéria prima. A GreenPlac é a fábrica mais moderna do Brasil. Hoje, nossas fazendas são todas legalizadas em termos ambientais, seguimos os padrões de normatização para exportação e respeitamos os 20% de reserva.

Nossa relação com Água Clara também cresceu com os anos. Vamos com frequência à cidade e tenho muito orgulho de ter recebido, junto com meu irmão Francisco, o título de Cidadão Água-clarence, que nos foi concedido pela Câmara Municipal.

 FS: Qual o tamanho da Fábrica GreenPlac de MDF e seu investimento?

A fábrica está instalada hoje num terreno de 500.000 m², 50 hectares. Tem área construída de cerca de 40 mil m² e vai gerar, inicialmente, de 250.000 a 300.000 m³ de placas de MDF por ano. Foi o maior investimento que o Grupo fez. Temos uma visão de mercado otimista. Tanto assim que a planta da fábrica já é concebida para triplicar a produção sem que seja necessário qualquer intervenção de engenharia ou infraestrutura.

FS: A GreenPlac tem preocupação ambiental?

 José Roberto Colnaghi: Claro. Não apenas a GreenPlac, mas todas as empresas do nosso Grupo. A fábrica de MDF não é poluente, ela contribui com o que o mundo precisa: ar limpo. Isso já vem lá de trás. Desde 1986, temos parceria com a ONG Flora Tietê, que faz o reflorestamento e preservação das áreas ambientais. Todo o nosso plantio é feito de forma limpa e gera crédito de carbono. Nossa energia vem da biomassa. Além disso, seguimos as normas de respeito ao trabalhador, as relativas a efluentes, reaproveitamos a água de chuva e temos certificação ISO 9000, ISO 18000.  Nossa fábrica é moderna, gera empregos, contribui com a economia local e não polui o meio ambiente.

 FS: O senhor é um empreendedor que continua a ter muita garra. Como conseguiu preservar isso ao longo dos anos?

José Roberto Colnaghi: Eu comecei muito novo, com meu pai, e foi muito importante, pois tive como acelerar já que tinha a orientação, o olhar dele. Como fazíamos naquela época? Do modo mais simples: comprar e pagar, respeitar o combinado. E é isso que fazemos até hoje. Gosto das empresas bem controladas, sempre autossuficientes, com pessoas especialistas no assunto, cada um focado em sua empresa. Gosto de ver o resultado disso. Gosto de formar as equipes. Gosto de prestigiar e incentivar quem trabalha conosco. Gosto de ver que as pessoas se dedicam ao trabalham e entendem do que fazem. Gosto muito de aprender e me interesso em saber como a máquina vai processar o MDF, por exemplo, são 425 metros de linha de produção das placas. Na minha vida, já trabalhei com trator, para ver como é; com esteira; com caminhão, de A a Z, para conhecer o “espírito da coisa” e poder contribuir. Continuo com a mesma disposição de aprender e conhecer o novo, acho que isso é um dos principais motivos da minha garra.

 FS: Quais foram os maiores problemas que o senhor enfrentou e como os superou?

José Roberto Colnaghi: Eu sou uma pessoa de trato muito simples. Sempre tratamos todos de “igual para igual”, respeitamos e queremos ser respeitados. Fazemos uma boa gestão de pessoas, uma vez que temos pouco turnover e colaboradores com 20 e 30 anos de casa e que sempre deram apoio ao crescimento do nosso Grupo. Os mais novos, chegam com toda a garra e as vezes pode haver um choque de ideias, que é logo solucionado com equilíbrio e ponderação, prevalecendo o que é melhor para a nossa empresa. Geralmente o entendimento acontece e todos ganham com isso

3 Comments

  1. José Roberto Colnaghi, grande trajetória!

  2. eu precisava para publicar você que tiny observação finalmente diga muito obrigado o momento novamente para aqueles precioso informação você tem discutido neste artigo . É chocante aberto com pessoas como você para oferecer desimpedido exatamente o que muitas pessoas {poderiam ter | poderiam possivelmente ter | poderiam ter | teriam | comercializado como um livro eletrônico em fazer algum dinheiro sozinhos, principalmente considerando o fato de que you bem feito done it caso você desejado . These orientações também trabalhado entenda que outras pessoas tenha o mesmo paixão como meu próprio para descobrir muito mais relacionado this condition . Eu tenho certeza há muitas mais agradáveis tempos ahead para pessoas que analisou seu site

  3. TETÉ E BETO – OS CIDADÕES QUE PENAPOLIS AMA MUITO. PRINCIPALMENTE EU QUE TIVE O PRAZER DE CONHECER ESTES ILUSTRES CIDADÃOS NA ADOLESCENCIA. PARABÉNS TETÉ E BETO.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *