No futuro, uma das questões mais importantes para as empresas, será o foco e as ações relacionadas à sigla ESG, que deverão aumentar de forma considerável nos próximos anos. Essa tendência é apontada no estudo “ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil”, realizado pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).
O levantamento destaca, ainda, a Governança Corporativa como ponto ESG mais importante, tanto nos dias atuais quanto nos próximos anos. Em seguida, aparecem os fatores ambiental e social.
A pesquisa – considerada como uma das mais completas para o segmento de ESG – aborda questões cujo objetivo é mapear a comunicação e as práticas corporativas vigentes nas empresas no Brasil dentro dos pilares ambiental, social e de governança corporativa. O trabalho foi realizado junto a 79 organizações associadas e não associadas à entidade.
“Nos últimos anos, a pauta ESG ganhou força nos mercados financeiros em todo o globo. E no Brasil isso não foi diferente, pois tem o intuito de explorar as múltiplas interfaces dos três pilares com a comunicação organizacional e as complexas interações entre os diversos agentes envolvidos no tema, dentro e fora das organizações”, enfatiza Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje.
ESG como prioridade
O estudo aponta que o tema ESG está presente como prioridade na grande maioria das empresas. Segundo o levantamento, 95% das empresas consultadas colocaram essa preferência em suas agendas corporativas. Prova disso, 67% das organizações participantes do levantamento têm estrutura formal responsável pelo acompanhamento e gestão destas questões. Em relação a todo esse esquema estrutural montado nas empresas, 51% delas têm reporte direto de subordinação à presidência/CEO da organização.
Pandemia e sustentabilidade
A pandemia da Covid-19, por exemplo, fez com que 58% das organizações participantes passassem a acreditar ainda mais fortemente que se tornar sustentável é importante. “Foi possível perceber o quanto as empresas estão engajadas dentro do ESG. Enquanto para 62% dos entrevistados o objetivo é causar um impacto positivo tangível para a sociedade, apenas 24% querem atrair a expectativa dos investidores. Ou seja, querem realmente mais atuar na prática do que viver de narrativas”, explica Carlos Ramello, coordenador de Pesquisas da Aberje.
Na pesquisa, também é possível entender quais metas ou objetivos para as iniciativas de sustentabilidade são definidas pelas organizações. As principais são as mudanças para reduzir o consumo de água (77%); a definição de metas e objetivos para as iniciativas de sustentabilidade (75%); e substituição de fontes de energia (75%).
Insights da pesquisa
O estudo mostrou que entre as metas prioritárias de Governança Corporativa para melhorar suas práticas estão elencadas, respectivamente, na redução de riscos do negócio, melhorar a reputação da organização e assegurar o cumprimento da legislação (compliance). Existem também algumas preocupações das empresas neste tema, tanto que a maioria já adota o código de ética (99%), os regulamentos da auditoria interna (72%), as políticas sobre a divulgação de informações (67%) e o código de governança corporativa (51%).
Quanto ao tema Diversidade & Inclusão, 83% das organizações têm programa de D&I. Os programas de diversidade para pessoas com deficiência são adotados por 75% das organizações. As iniciativas voltadas para identidade de gênero são adotadas em 71% das empresas. E as de diversidade sobre orientação sexual são encontradas em 58% das organizações, sobre raça/etnia em 54% e sobre cor em 53%.
Em sua maioria, as empresas têm programas para a redução do impacto ambiental, como minimização e reciclagem de resíduos (92%), uso e conservação da água (86%), conservação de energia (84%), entre outros. A maioria das organizações consultadas (68%) participa do Pacto Global da ONU, e uma grande delas (63%) já utiliza os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) para definir suas metas de desempenho corporativo. As campanhas internas são a forma que as organizações estão utilizando ou pretendem utilizar os ODS.
As métricas relacionadas ao ESG são utilizadas, principalmente, na comunicação do desempenho sustentável aos clientes e à sociedade. De acordo com a pesquisa, 15% das empresas participantes não utilizam medições ou mesmo mensuram ações relacionadas ao ESG.
Desafios e Tendências
Entre as principais barreiras/obstáculos para a implementação de projetos de ESG estão a limitação de fundos para sua implementação (35%), a falta de uniformidade de compreensão dos termos de sustentabilidade entre as partes interessadas (28%) e a dificuldade em mensurar o desempenho e quantificar os benefícios dos projetos (27%). A falta de mecanismos de monitoramento (20%) e de profissionais especializados em implementação de projetos de sustentabilidade também se constituem em obstáculos/barreiras.
Já sobre as perspectivas para os próximos dois anos, as empresas esperam que os temas prioritários em sustentabilidade das Organizações são: criar oportunidades de receita em sustentabilidade (41%); gerenciar as relações e parcerias com as partes interessadas (41%). realizar análise de gerenciamento de risco (39%), trabalhar a questão de limitação de fundos para implementação de projetos (35%) e efetuar medições do progresso em relação às ODS (29%).