Artesão fabrica sapatos, bolsas, acessórios e objetos de decoração a partir da matéria-prima totalmente sustentável. Votações ficam abertas até 23 de janeiro

Seringueiro do Acre concorre a prêmio internacional por trabalho com látex

Artesão fabrica sapatos, bolsas, acessórios e objetos de decoração a partir da matéria-prima totalmente sustentável. Votações ficam abertas até 23 de janeiro

Que a borracha é uma matéria prima totalmente versátil você já sabe, né? A indústria brasileira usa esse produto das mais diversas formas, muitas vezes com maquinário de última geração, para fabricar desde balões de festa até pneus. Mas, quem disse que precisa de muita coisa para se obter produtos a partir da borracha?

Desde 2007, o seringueiro acreano José Rodrigues de Araújo, de 50 anos, é a prova viva de que bastam duas mãos para transformar o látex em muita coisa legal. A história do artesão vem conquistando o Brasil nos últimos anos – até em programa de televisão ele já foi – e agora pode ir ainda mais longe!

Mais conhecido como Dr. da Borracha, Rodrigues está concorrendo a um prêmio internacional que pode tornar sua história de trabalho sustentável umas das 100 melhores do mundo. É o Green Destination Story Award, uma premiação organizada por associações de turismo do mundo todo.

Os vencedores serão anunciados no dia 7 de março, na Alemanha, durante a ITB Berlin 2023, maior feira de turismo da Europa, e a votação está aberta até o dia 23 de janeiro!

Amazônia em pé

Filho e neto de seringueiros, Rodrigues coordena um grupo de oito artesãos que ganha seu sustento com a confecção de bolsas, sapatos, colares e objetos de decoração a partir do látex extraído de árvores da Amazônia de forma totalmente sustentável. Ele começou a trabalhar com o material aos oito anos de idade em Assis Brasil, uma pequena cidade na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia, onde ele nasceu.

“A gente pega o leite da árvore pra conseguir o leite das nossas crianças. Assim fui criado. Por isso digo que sou um defensor da floresta: porque eu não derrubo a floresta, eu dependo dela pra viver”, resume.

No início, ele e a família só fabricavam a borracha, mas em 2004 fizeram um curso no Laboratório de Tecnologia Química (Lateq) da Universidade de Brasília (UnB) para aprender a criar produtos a partir desse insumo. Assim, Rodrigues conheceu uma técnica chamada Folha Semi Artefato (FSA), que permite transformar o látex em uma “folha” para a produção dos calçados e bolsas.

Desde então, ele e os artesãos fabricam produtos diversos feitos a partir do látex de forma totalmente artesanal. Em 2007, o grupo começou a vender os itens em lojas e feiras de todo o país. Atualmente, a cooperativa consegue produzir mais de 400 peças por mês.

 

“A gente levanta cedinho, vai pra dentro da floresta cortar a seringa e depois colhe. Não usamos máquina alguma, é tudo a mão. Também não usamos nenhuma cola industrial ou costura. Colamos todas as peças com água – a água que a gente bebe mesmo”, explica o seringueiro.

 

O trabalho sustentável do pequeno empreendedor já rendeu diversos prêmios nacionais e um internacional. Em 2012, a marca Dr. da Borracha ganhou o prêmio Casa Museu, em São Paulo. Em 2014, ganhou o prêmio Chico Mendes de Florestania. Em 2016 e 2022, o prêmio Top 100 do Sebrae e o mais recente, em setembro de 2022, o prêmio Top 100 Green Destinations. Esse último rendeu ao Acre, mais especificamente ao município de Epitaciolândia, onde são confeccionadas as peças, o título de primeiro destino verde do Norte do Brasil.

Rodrigues também já apareceu no programa do Faustão, da Rede Globo, em 2017, e carregou a tocha olímpica em 2016, como forma de reconhecimento pelas iniciativas desenvolvidas em nome do estado.

Em 2014 ele participou de uma feira em Milão, na Itália, expondo seus produtos.

Lembrado para sempre

Agora, o empreendedor quer ganhar o título de uma das 100 histórias mais sustentáveis do mundo de 2022, no prêmio Green Destination Story Award. Para isso, tem contado com o apoio do programa alemão Desenvolvimento Econômico Local do Turismo (DEL Turismo), executado e implementado pelo Fórum Empresarial – uma entidade sem fins lucrativos criada pela Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), a Fecomercio Acre e a Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (FAEAC).

“O Fórum serve para apoiar e fortalecer as iniciativas do setor público e privado, além de estabelecer estratégias para o desenvolvimento do estado junto aos empresários”, explica a coordenadora do grupo pela FIEAC, Tíssia Veloso.

Rodrigues tem planos de expandir a marca e tornar o local de trabalho dos artesãos, em Epitaciolândia, um ponto turístico com uma trilha guiada que conte a história dos seringueiros no Brasil. O ponto turístico já está cadastrado junto ao Ministério do Turismo e ele tem trabalhado na infraestrutura com o lucro que consegue das vendas do artesanato.

Além disso, o Dr. da Borracha tem planos mais ambiciosos. “O que eu espero pro futuro é que as pessoas respeitem a Amazônia e que eu seja lembrado como um incentivador disso”, conta.

Como votar?

Para votar na história do Dr. da Borracha é só acessar o site do Green Destinations. Mas corra! As votações se encerram na segunda-feira (23).

O Brasil está concorrendo com outras nove histórias de empreendedorismo sustentável, em Bombinhas, Capitólio, Corguinho, Diamantina, Itá, Orleans, Pedro Gomes, Tibau do Sul e Tibau. Só na América do Sul são 23 finalistas de cinco países diferentes.

 

Fonte: Agência CNI

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