No entanto, de acordo com a publicação na revista Nature Climate Change,
decisões sobre como se recuperar da crise, a partir de agora,
podem fazer diferença na mudança climática e no aquecimento global
A pandemia do novo coronavírus reduziu as emissões diárias de carbono, entre janeiro e abril deste ano, em 17% quando comparadas às do mesmo período de 2019 ao redor do mundo. No entanto, de acordo com estudo publicado na revista Nature Climate Change, na última sexta-feira, 7, a queda nas emissões que causam o aquecimento global foi apenas “temporária”.
Ao contrário do resto do mundo, emissões de gases-estufa do Brasil devem crescer em 2020
Se o mundo continuar a trabalhar normalmente – mesmo com algumas medidas de restrição em vigor até o final de 2021 – as temperaturas globais seriam apenas cerca de 0,01 °C mais baixas do que o esperado até 2030, apontou o estudo liderado pela Universidade de Leeds, no Reino Unido. Dessa forma, Joeri Rogelj, coautor da pesquisa, afirmou que a “queda repentina” nas emissões não teria “impacto mensurável” nas temperaturas globais até a próxima década.
No entanto, de acordo com o pesquisador, as decisões tomadas a partir de agora sobre como se recuperar da crise do coronavírus podem fazer grande diferença nas metas de mudança climática. “Desta tragédia, se for aproveitada, surge uma oportunidade. Uma próxima década mais poluente não será excluída”, disse ele.
A publicação foi assinada por cientistas de universidades de diversos países, incluindo pesquisadores dos Estados Unidos e Alemanha, e analisou dados de 123 países que são responsáveis por mais de 99% das emissões de gás carbônico no mundo. As informações envolviam a mobilidade dentro dos países entre fevereiro e junho.
Oportunidade para investimentos mais sustentáveis
Apesar do efeito mínimo nestes meses de pandemia, se os governos escolherem políticas e investimentos verdes para recuperar a economia, o mundo terá uma boa chance de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC, uma meta internacionalmente acordada, apontou também o estudo.
A pesquisa estimou que a inclusão de medidas favoráveis ao clima nos planos de recuperação econômica e nos gastos poderia evitar mais da metade do aquecimento esperado até 2050 pelas políticas atuais. “Isso pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso quando se trata de evitar mudanças climáticas perigosas”, disse o autor do estudo, Piers Forster, diretor do Priestley International Centre for Climate em Leeds.
As temperaturas médias globais já aumentaram cerca de 1,1 °C desde os tempos pré-industriais. O forte cenário de estímulo sustentável usado no estudo – envolvendo um aumento de 1,2% nos gastos anuais em energia de baixo carbono e medidas de eficiência na próxima década, e 0,4% a menos em combustíveis fósseis – aponta que as emissões de gases de efeito estufa cairiam mais de 50% até 2030.
O estudo também destacou oportunidades para reduzir a poluição do tráfego, incentivando veículos de baixa emissão, transporte público e ciclovias.
FONTE: O Estado de S.Paulo