Foto = Mary Waldsmith

Humanidade é dependente de Oceanos equilibrados e saudáveis

A humanidade é dependente dos oceanos. E, mesmo assim, estamos muito próximos de esgotarmos totalmente a capacidade de regeneração desse ecossistema.

por Douglas Santos

Temos impactado negativamente os oceanos com poluição e sobrepesca. Ainda estamos presos na relação: pegamos o que queremos e deixamos o que desprezamos. Porém, ainda há tempo para agir. Segundo a Organização das Nações Unidades para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a pesca e a aquicultura juntas asseguram a subsistência de 10 a 12% da população mundial. Além disso, mais de 200 milhões de pessoas dependem dos recifes de corais para protege-los de tempestades e ondas. Ou seja, a humanidade é dependente dos oceanos.

Cerca de 80% dos recursos pesqueiros estão sobrepescados, ou seja, capturados em uma taxa superior à sua capacidade de reprodução natural. Essa pesca desenfreada resulta no declínio populacional das espécies, incluindo aves marinhas, tartarugas, golfinhos e baleias, além de ameaçar a segurança alimentar de milhões de pessoas.

Estimativas como esta, porém, sofrem com a falta de dados atualizados e confiáveis – o último Boletim Nacional de Estatística Pesqueira foi publicado em 2012 e, desde então, são realizadas apenas iniciativas descentralizadas e descontínuas. Além disso, o monitoramento insuficiente da atividade vem comprometendo há anos a eficácia da gestão pesqueira no País. Nesse panorama, os estoques sofrem com a destruição dos habitats marinhos, a pesca ilegal ou incidental, e a baixa seletividade das frotas nacionais.

Segundo o Relatório Planeta Vivo 2018, publicado pela Rede WWF, se as tendências atuais continuarem, até 90% dos recifes de corais do mundo poderão desaparecer até a metade do século, prejudicando economias locais e expondo milhares de pessoas à eventos climáticos extremos. As implicações dessas mudanças para o planeta e toda a humanidade são vastas e incalculáveis.

A poluição, por vazamento de plásticos, agrotóxicos e químicos, afeta diretamente a toda a cadeia alimentar, prejudicando até mesmo a nossa alimentação com índices cada vez maiores de químicos, metais pesados e microplásticos encontrados em pescados e eventualmente consumidos por humanos. O volume de vazamento de plástico nos oceanos é estimado em mais de 8 milhões de toneladas de lixo plástico ao ano.

A humanidade é dependente dos oceanos

Vazamento de óleo

O Brasil viveu o maior desastre ambiental causado por vazamento de petróleo de sua história. As manchas de óleo começaram a ser registradas no litoral nordestino brasileiro em 30 de agosto. Desde então, até o dia 19 de março, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mais de 1.000 localidades, em 128 municípios de 11 estados, já foram atingidas em uma área de costa próxima de 3.000 quilômetros.

Quase 10 meses após o início das primeiras manchas o vazamento continua sem solução. Até agora, apesar da substância ter sido identificada como petróleo cru, as autoridades brasileiras ainda não descobriram a origem, o responsável pelo despejo do material no mar e nem mesmo a quantidade de material que pode ter sido sedimentada no fundo do mar.

Tampouco se sabe claramente os efeitos na saúde das pessoas que vivem nas áreas afetadas e quais as consequências para o ecossistema marinho.

Plástico nos Oceanos

Segundo o estudo lançado pelo WWF em 2019, o volume de plástico que vaza para os oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 pousando nos mares e oceanos todos os anos – são mais de 60 por dia. Nesse ritmo, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km².

O Brasil, segundo dados do Banco Mundial, é o 4° maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas geradas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia.

Desse total, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%), mas apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas, ou seja, reprocessadas na cadeia de produção como produto secundário. Esse é um dos menores índices da pesquisa e bem abaixo da média global de reciclagem plástica, que é de 9%.

Como atuamos

O WWF tem trabalhado diretamente com comunidades de pescadores, incluindo chefes de estado, para criar uma onda de apoio aos nossos oceanos e mudar a trajetória de degradação. Nosso objetivo é criar um ambiente de suporte às atividades que tornem o ambiente marinho sustentável.

Atuamos diretamente na proteção e restauração de ambientes costeiros, como recifes de corais, manguezais e áreas de proteção marinhas. E temos feito um enorme esforço global para acabar com a poluição plástica, concentrando-se nas principais indústrias e grandes cidades. Pedimos que os governos firmem um tratado internacional juridicamente vinculativo para acabar com a poluição plástica despejada nos oceanos.

Lançamos recentemente o Guia de Consumo Responsável de Pescado Brasil, com diversas informações sobre quais as espécies de peixe são as mais indicadas para consumo no Brasil. Como parte dos esforços contínuos para fortalecer, desenvolver e compartilhar conhecimento lançamos o Guia Prático para Planejamento e Gestão Eficazes de Áreas Marinhas Protegidas para Tubarões e Raias.

FOTO = Claudio Contreras = WWF

FOTO: Claudio Contreras | WWF

FONTE: WWF Brasil

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *