A nova base da Marinha do Brasil na Antártica, a Estação Comandante Ferraz,
acaba de ser inaugurada. O conjunto de edificações tem 4,5 mil metros
quadrados e substitui as instalações perdidas em decorrência de um incêndio
em 2012. O novo complexo foi idealizado com base nos princípios de
eficiência energética e conforto térmico. O projeto de arquitetura foi
elaborado pelo Estúdio 41, de Curitiba (PR), e contou com a consultoria da
Petinelli na definição do conceito e na proposição das soluções
sustentáveis.
Segundo o CEO da Petinelli, Guido Petinelli, o grande desafio em termos de
sustentabilidade foi proporcionar o conforto térmico das instalações, por
meio de sistemas eficientes, porém simples, de fácil manutenção, dada a
hostilidade do ambiente da Antártica. “Geralmente, associa-se inovação à
tecnologia. Nesse caso, pensar de forma inovadora significou ser criativo,
mas buscar simplicidade. Trabalhar com soluções simples, de forma criativa,
também é inovação. Essa é a arte do engenheiro”, argumenta.
Dessa forma, atenção especial foi dada à vedação dos ambientes. “Num
ambiente hostil como o antártico, naturalmente se pensa em isolamento
térmico. Essa é uma solução importantíssima. A vedação entre os módulos e
detalhamento das esquadrias, portas e janelas asseguram a estanqueidade da
edificação”, explica Guido. Nesse sentido, a solução adotada na execução foi
a implantação de estrutura elevada e envolvida por materiais isolantes que
minimizam as perdas de calor para o meio ambiente.
Com exceção do bloco destinado ao abrigo das máquinas e sistemas de produção
de energia, os outros dois blocos da estação têm a forma prismática oblonga
e está sobre pilotis a cerca de 2,5 metros acima do solo. Essa configuração
evita o acúmulo de neve e reduz a perda de calor para o meio ambiente, já
que seu entorno está isolado termicamente.
Além disso, utilizou-se o princípio das sucessivas camadas de proteção
térmica. Além da camada isolante exterior de 220 milímetros de espessura, há
um espaço vazio entre essa e os módulos internos tipo contêiner que funciona
como um buffer cuja temperatura será mantida a 10ºC e isolamento do interior
dos módulos, totalizando três camadas.
Eficiência energética e simplicidade foram determinantes para a escolha do
sistema de calefação principal da estação e dos sistemas elétricos de baixo
consumo, que compreendem iluminação a LED e motores de alto rendimento. Essa
calefação é geração por um sistema de cogeração que recupera parte do calor
dissipado para o ambiente, principalmente por meio do sistema de
arrefecimento do motor e do calor proveniente dos gases de exaustão.
Os modais solar e eólico são compostos por 30 módulos fotovoltaicos e por 8
aerogeradores, priorizando a instalação de turbinas eólicas que já foram
previamente comissionadas na Antártica para garantir a durabilidade e a
performance do sistema. Um Sistema de Gestão Técnica Centralizada (SGTC)
gerencia tanto a oferta, quanto a demanda da energia da edificação.