Plano de Ação Nacional coordenado pelo ICMBio contempla peixes e Eglas ameaçados de extinção
O Plano de Ação Nacional para a Conservação de Espécies de Peixes e Eglas Ameaçados de Extinção da Mata Atlântica (PAN Peixes e Eglas da Mata Atlântica) tem o objetivo de melhorar o estado de conservação e popularizar peixes, eglas, rios e riachos do bioma em 5 anos.
O PAN é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio/CEPTA) e apoiado pelo Projeto Pró-Espécies: Todos contra a extinção. Ele contempla 90 espécies de peixes e invertebrados de água doce, como o Bagrinho-do-tietê (Heptapterus multiradiatus) – está criticamente em perigo (CR) e pode estar extinto na natureza –, a Aegla brevipalma – (CR) umas das espécies alvo do Projeto Pró-Espécies –, o Surubim-do-doce (Steindachneridion doceanum) (CR), entre outros.
As expedições contribuem com o levantamento de dados primordiais para a implementação do PAN Peixes e Eglas da Mata Atlântica. A coleta de amostras das espécies e do ambiente tem o objetivo de avaliar as mudanças e a qualidade do habitat, monitorar a diminuição e/ou aumento das populações de espécies e avaliar os vetores de pressão. O PAN Peixes e Eglas da Mata Atlântica realizou três expedições em unidades de conservação e no entorno: uma no Parque Nacional da Serra da Bocaina, outra no Parque Nacional do Itatiaia e a mais recente, no Parque Nacional do Caparaó. Os dados levantados podem gerar subsídios para a gestão das Unidades de Conservação (UCs) já estabelecidas ou para a criação de novas áreas protegidas, assim como outras ações de conservação.
Expedição no Parque Nacional do Caparaó e entorno
A expedição do Plano de Ação Nacional foi realizada entre os dias 10 a 22 de março de 2020 no Parque Nacional do Caparaó e entorno. Participaram analistas ambientais do CEPTA/ICMBio em parceria com pesquisadores do Laboratório de Ictiologia de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (LIRP/USP).
Foram extraídas amostras de seis riachos, dos quais três estavam impactados e três preservados, a fim de analisar as mudanças na estrutura e composição do conjunto de peixes na região. Dos riachos impactados observados, as causas derivam principalmente da conversão do solo para o cultivo intensivo de café e eucalipto, além de extensas pastagens. Esses fatores combinados causam grave assoreamento dos riachos, levando à perda de habitats e alterando a comunidade de peixes.
Os resultados da expedição cumprem ações relacionadas à avaliação dos impactos sobre a ictiofauna da região e à popularização dos peixes de pequeno porte da Mata Atlântica, incluindo a formação de banco de imagens.
Expedição no Parque Nacional do Itatiaia
No Parque Nacional do Itatiaia (RJ) foram realizados monitoramentos e levantamentos da fauna nas áreas com ocorrência confirmada e potencial de espécies alvo do PAN Peixes e Eglas da Mata Atlântica, com o propósito era determinar o estado de conservação do habitat. A expedição ocorreu de 29 de outubro a 08 de novembro de 2019.
Foi realizado um monitoramento de seis riachos na região, três dentro da UC e três fora da unidade (ambientes degradados), possibilitando uma comparação de ambientes para as espécies alvo e permitindo expor os impactos sobre as populações de peixes da região.
No total, foram coletadas 15 espécies das principais ordens de peixes como Characiformes, Siluriformes, Gymnotiformes, Cyprinodontiformes e Perciformes. Estes farão parte de uma coleção científica do Laboratório de Ictiologia de Ribeirão Preto (LIRP) da Universidade de São Paulo.
Expedição ao Parque Nacional da Serra da Bocaina
A expedição de campo teve como objetivo realizar o monitoramento e levantamento de populações de peixes em riachos na porção sul do Parque Nacional da Serra da Bocaina para determinar o estado de conservação dos ambientes e a ocorrência de espécies. Foi realizada de 21 a 31 de março de 2019 em uma região que abrange os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a partir da base no distrito de Picinguaba, município de Ubatuba/SP.
Dentre os resultados alcançados está a coleta de dados de influências físicas e químicas do ambiente, fotos de espécies coletadas, e a coleta, triagem e fixação dos peixes para coleção científica pública de referência.
Próximos passos do Plano de Ação Nacional
Após as expedições, os dados coletados serão analisados e os resultados alcançados serão utilizados como subsídio para a monitoria e avaliação do PAN Peixes e Eglas da Mata Atlântica, cuja publicação está na Portaria ICMBio Nº 370, de 1º de agosto de 2019. Posteriormente, será elaborado um sumário executivo para ampla divulgação do PAN Peixes e Eglas da Mata Atlântica e impulsionamento de sua implementação.
FONTE: WWF Brasil | Por Mariana Gutiérrez