Enquanto as equipes de busca continuam trabalhando a procura de corpos na lama de dejetos que se espalhou depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) os sobreviventes convivem com o risco de epidemias. O alerta já foi dado pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e prevê problemas semelhantes aos que assolaram Mariana depois de uma tragédia parecida.
O risco é para surtos de dengue, febre amarela e esquistossomose, essa última já prevalente na cidade. A exemplo do pequeno município de Barra Longa (MG), vizinho a Mariana, que viu os índices de diversas doenças —como ansiedade, diabetes, dermatite, dengue, hipertensão e parasitoses— saltarem nos meses seguintes a Fiocruz traça agora uma previsão que pode castigar ainda a mais a já debilitada Brumadinho, de quase 40 mil habitantes.
A tragédia pode persistir no cotidiano dos moradores e se estender por quilômetros do local de origem ao longo de meses, e até anos. As enfermidades mencionadas pela Fiocruz podem surgir em decorrência de alguns fatores, como o contato com a lama com materiais tóxicos e a contaminação das águas do rio Paraopeba, cujo curso passa por ao menos 21 cidades. Especialistas alertam que a descarga de lama no leito do rio pode fazer com que alguns dos seus trechos simplesmente desapareçam.
“Alguns trechos do rio poderão virar poeira”, afirmou Mariano Andrade da Silva, do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastre em Saúde. E essa poeira pode ser tóxica, causando doenças respiratórias e de pele, por exemplo.
Embora nenhuma unidade de saúde da cidade tenha sido soterrada pelo lamaçal de rejeitos, que já deixa 142 mortos e 194 desaparecidos, toda a rede está, neste momento, voltada para o atendimento das vítimas. “Isso pode agravar algumas doenças crônicas que exigem acompanhamento”, afirmou Christovam Barcellos, do Observatório do Clima e da Saúde da Fiocruz.
Com informações do ElPaís, Agência Folha e Estadão.