O Brasil acompanha um movimento inédito de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Só no setor de educação, são ao menos nove iniciativas em curso, que possuem potencial de investimento que parte dos R$ 6,15 bilhões, de acordo com dados dos Governos estaduais, municipais e BNDES. Porém, hoje, é um investimento voltado, unicamente, ao desenvolvimento de infraestrutura e serviços. Para Thiago Zola, mestre em Educação e Head de Produtos da Mind Lab, estamos diante de uma oportunidade única: agregar valor às iniciativas.
Thiago observa que os investimentos podem fazer mais. “Muito se discute a melhoria da infraestrutura e gestão das escolas públicas. Esses projetos são devidamente vistos como soluções eficientes para otimizar recursos e acelerar o desenvolvimento de novas unidades educacionais. Porém, é necessário expandir esse modelo para que ele possa ir além da melhoria física”, explica.
De janeiro a agosto deste ano, 65 novos projetos nesse modelo foram anunciados no Brasil. O número é cinco vezes maior do que o total registrado em todo o ano passado, de acordo com dados da iRadarPPP, relatório elaborado pela RadarPPP, consultoria estratégica referência nacional no tema, que sinaliza a estruturação dos projetos de educação como tendência para os próximos anos.
Para o profissional, a ideia é de que essas PPPs possam incluir também outras iniciativas. “No cenário da educação, é necessário olhar para o desenvolvimento socioemocional e cognitivo dos alunos. Por que não aproveitar o momento em que estamos discutindo melhorias estruturais para discutir, também, evolução como um todo?”.
Um exemplo disso pode ser observado em metodologias já aplicadas em escolas públicas brasileiras, como a do Programa MenteInovadora, da Mind Lab, que tem contribuído para o desenvolvimento socioemocional e cognitivo de alunos, promovendo habilidades como empatia, resolução de conflitos e pensamento crítico. Esses ganhos não apenas melhoram o ambiente escolar, mas também preparam os alunos para lidar com desafios da vida pessoal e profissional, favorecendo a cooperação, a tomada de decisões conscientes e a construção de relações saudáveis.
O conteúdo “Competências Socioemocionais”, publicado pelo Instituto Ayrton Senna, mostra que um grupo de pesquisadores analisou mais de 80 estudos com o intuito de compreender o impacto de metodologias socioemocionais em contexto escolar. Os resultados apontaram para efeitos duradouros na vida dos estudantes, que incluíram melhorias em indicadores de bem-estar, desenvolvimento significativo de competências, atitudes e comportamento pró-social, proteção contra condutas de risco, como uso de drogas, problemas comportamentais e estresse, sendo considerado um fator benéfico para todos os grupos de todos os estudos revisados.
Na visão de Thiago, o Brasil não pode “se dar ao luxo” de ignorar a importância dessas competências para o sucesso escolar e para a formação integral dos alunos. “Vários países já adotam programas de educação socioemocional, como EUA, Reino Unido, Finlândia, Austrália e Singapura. Esses já colhem os frutos de uma geração de estudantes mais preparados para os desafios do século XXI, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal”, aponta o especialista. “Os investimentos em PPPs, que já estão crescendo, estando vários deles em fase de modelagem, podem ser uma importante saída para darmos o salto educacional que o País precisa. Cabe, agora, aos gestores públicos atuar para que essas parcerias tenham o desenvolvimento socioemocional e cognitivo como parte integrante do processo”, conclui.