O constante crescimento do número de participantes ativos do sistema de consórcios nos últimos anos apontou, em outubro, a marca de dez milhões. Ao avaliar este avanço, a assessoria econômica da ABAC – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios pode tecnicamente demonstrar o quanto a renda pessoal ou familiar tem influenciado na evolução do mecanismo.
Ao analisar a demanda de um determinado produto ou serviço, no levantamento foi possível identificar junto aos economistas que as variáveis explicativas, ou estatisticamente, as variáveis independentes, exercem influência direta na decisão do consumidor.
“Trata-se de deliberações de consumo que ocorrem em função de taxa de juros, nível de emprego, renda, entre outros”, esclarece Luiz Antonio Barbagallo, da assessoria econômica da ABAC.
“Como resultado, ao demonstrar que o total de rendas é a soma do consumo mais investimentos, foi possível resumi-las na equação y = c + i – base do raciocínio – onde a renda é representada pela letra ‘y’; o consumo, pela ‘c’; e o investimento pela ‘i’”, detalha o economista.
As explicações se resumem em “a renda é produto do total do que consumimos mais o que investimos e as decisões são pautadas, em grande medida, pelo nível de renda disponível”, diz Barbagallo.
E enfatiza, destacando que “Não é preciso ser economista para deduzir que, se o valor da renda é produto da totalização do que consumimos mais o que investimos, as decisões são pautadas, em grande medida, pelo nível de renda disponível, sempre sujeita às flutuações”.
Ao longo dos 60 anos de história dos consórcios, “ele tem sido considerado, por muitos consumidores, como a forma mais simples de concretizar aspirações de consumo ou de poupança, enquanto para outros é apontado como meio de investimentos”, relata o economista.
No objetivo de aquisição do carro novo ou na compra de um imóvel, o uso do mecanismo tem sido crescente. Os resultados confirmam o hábito de disciplinar e economizar para uma aquisição futura, também estimula o planejamento das finanças pessoais. “Aliás, no caso de formação ou ampliação de patrimônio imobiliário, a renda passiva advinda dos aluguéis é exemplo de como o consórcio se encaixa perfeitamente na equação”, esclarece Barbagallo.
Estudo elaborado pela assessoria econômica da ABAC identificou conexão relevante entre a venda de cotas de consórcio e a renda dos consumidores. Apoiado em dados divulgados sobre Renda Per Capita Familiar Anual, obtida na Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios – PNAD, realizada pelo IBGE, entre os anos de 2009 a 2022, e a quantidade de cotas de consórcio vendidas anualmente nesse período, a avaliação revelou que, mesmo em tempos de crise econômica, não houve diminuição na venda de cotas, pois aqueles consumidores que mantiveram seus empregos e renda, continuaram a investir no consórcio.
Os percentuais observados nos estados da federação
Ao analisar o resultado dos cálculos estatísticos de regressão, elaborado pelo economista Barbagallo, produzido com 95% de grau de confiança, foi observada que a renda familiar explica 67,3% das vendas de cotas de consórcio no Brasil. O trabalho concluiu que para cada R$ 1,00 de renda per capita familiar, 1.824 cotas são comercializadas, em média.
No Brasil, os percentuais obtidos no estudo elaborados pela entidade nas unidades federativas foram expressivos em sua maioria. São quinze estados e o Distrito Federal, cuja variável explicativa ficou acima de 50%, isto é, a renda nesses estados foi fator preponderante para a venda de cotas, de acordo com a relação a seguir: Alagoas, com 87,2%; Amazonas, com 65,3%; Bahia, com 58,7%; Espírito Santo, com 75,8%; Goiás, com 63,9%; Maranhão, com 59,9%; Minas Gerais, 68,5%; Mato Grosso do Sul, 59,7%; Mato Grosso, 78,7%; Paraná, com 72,6%; Rio de Janeiro, com 80,4%; Rio Grande do Norte, com 65,2%; Santa Catarina, com 82,9%; Sergipe, com 77,8%; São Paulo, com 75,0%; e Distrito Federal, com 78,8%.
Renda per capita cresce, adesões também crescem
Com base no estudo empírico, é possível projetar ainda boas perspectivas futuras, pois dados divulgados pela empresa Tendências – Consultoria Integrada, apontam recente crescimento da média salarial de 6,2%, verificado no segundo trimestre deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2022.
“Como consequência, é de se acreditar que os números relativos à renda per capita familiar de 2023 seguirão crescendo e influirão diretamente no desempenho do consórcio, aliás como já vem ocorrendo há alguns anos”, esclarece Barbagallo.
Se, porventura, houver um crescimento menor do PIB ou até mesmo uma retração, existe a possibilidade de implicações na renda e decorrências na performance setorial, “porém, nem sempre um PIB menor ou até mesmo negativo significa uma renda familiar per capita menor”, contrapõe o economista da ABAC.
Barbagallo complementa ainda que, diferentemente da renda per capita, a renda familiar per capita, de acordo com a definição do IBGE, é calculada como a razão entre o total dos rendimentos domiciliares, em termos nominais, e o total dos moradores. Neste cálculo, são considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes. Todos os moradores são considerados no cálculo, inclusive os moradores classificados como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos.
“Recessões são ruins, geram desemprego e queda no consumo, entre outras mazelas. Contudo, aquelas famílias que conseguem manter seus empregos e não têm seus rendimentos reduzidos, continuam com seus planos, incluindo participação no Sistema de Consórcios como um forte aliado para conseguir realizá-los”, conclui Barbagallo.
Em razão do constante crescimento do total de novos consorciados nos últimos anos, Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, apontou o estudo desenvolvido pela assessoria econômica da entidade como “uma fonte de projeção e otimismo para o sistema, ao agregar a constatação que, se no passado, a modalidade já contribuiu para o crescimento da economia nacional, certamente, com o mesmo ritmo continuará agregando, sendo aliada do brasileiro na realização dos seus sonhos”, finaliza.