A coluna vertebral é uma parte vital do nosso corpo, que suporta o peso da cabeça e do tronco e nos permite ficar de pé, caminhar e realizar nossas atividades. No entanto, devido a várias razões, como má postura, sedentarismo, envelhecimento e lesões, muitas pessoas sofrem de problemas nessa região, que podem causar dores intensas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor na coluna é tão comum que afeta cerca de 80% das pessoas em algum momento da vida, podendo inclusive levar à incapacidade para o trabalho e demais tarefas do dia a dia.
O avanço da medicina, no entanto, já permite tratar com grande chance de sucesso os problemas de coluna mais comuns, como explica o neurocirurgião Dr. Mateus Tomaz. O especialista conta que, na maioria dos casos, as dores intensas são causadas por um pequeno grupo de condições de saúde, que podem ser tratadas com mudanças no estilo de vida ou mesmo procedimentos cirúrgicos.
“Sabemos que a maior parte desses problemas pode ser evitada por meio de hábitos saudáveis de vida, como manter uma postura adequada e atividade física regular, evitar o sobrepeso e dormir na posição adequada”, afirma. “Ainda assim, é possível ter uma genética que favorece o aparecimento de desgaste nos discos e articulações”. Nesses casos, de acordo com o especialista, podem ser realizados tratamentos com procedimentos minimamente invasivos, que deixam pequenos cortes e permitem uma rápida volta à rotina diária.
Os cinco problemas de coluna mais comuns
Hérnia de disco: é uma das principais causas de dores na coluna, de acordo com o neurocirurgião Mateus Tomaz. Nessa condição, o conteúdo gelatinoso de um dos discos entre as vértebras se desloca, rompendo a “parede” do disco e, às vezes, comprimindo os nervos próximos. Isso pode levar a dor, dormência, formigamento e fraqueza muscular na região afetada, além de limitar a mobilidade do indivíduo. Entre as causas da hérnia estão a propensão genética, a idade, as lesões, o esforço repetitivo e a sobrecarga da coluna. O tratamento pode incluir remédios para aliviar a dor, fisioterapia, exercícios de fortalecimento muscular e, em casos mais graves, cirurgia.
Bico de papagaio: é o nome popular para um problema de coluna bastante comum, conhecido cientificamente como osteofitose ou esporão ósseo. O Dr. Mateus explica que pessoas com essa condição apresentam um crescimento anormal de ossos em volta das vértebras, que forma protuberância semelhante ao bico de um papagaio. As causas deste problema incluem o envelhecimento natural do corpo, lesões na coluna, postura inadequada, sobrecarga de peso e sedentarismo. Os principais sintomas são dor, rigidez, dificuldade de movimentação e perda de sensibilidade na região afetada. O tratamento também pode incluir fisioterapia e medicamentos, mas em casos mais graves, pode ser necessária uma cirurgia para remover a protuberância óssea.
Artrose facetária: é uma doença degenerativa que afeta as articulações facetárias, que são pequenas articulações entre as vértebras da coluna vertebral. Esse problema ocorre quando a cartilagem que reveste as articulações começa a se desgastar, causando dor e rigidez na região afetada. A artrose facetária também pode ser causada pelo envelhecimento natural do corpo, lesões, excesso de peso, postura inadequada e sedentarismo. Os principais sintomas incluem dor na região das costas e pescoço, rigidez, sensação de travamento e perda de flexibilidade. O tratamento é semelhante ao dos demais problemas já citados, o que inclui a possibilidade de cirurgia para remover ou substituir as articulações afetadas em casos mais graves.
Protusão discal: é uma condição semelhante à hérnia, em que o disco intervertebral começa a se deslocar de sua posição normal, pressionando os nervos próximos. No entanto, na protusão, não há ruptura da “parede” do disco. Assim como a hérnia, a protusão discal também pode causar dor, dormência, formigamento e fraqueza muscular na região afetada. As principais causas desse problema e seus possíveis tratamentos também são praticamente os mesmos da hérnia de disco.
Contratura muscular: ocorre quando um músculo se contrai involuntariamente e não consegue relaxar completamente, resultando em dor e desconforto. Quando isso acontece na região próxima à coluna vertebral, pode levar a problemas na postura e na movimentação, afetando a saúde da coluna. As causas mais comuns de contraturas incluem estresse, sedentarismo, movimentos repetitivos, lesões e postura inadequada. Os principais sintomas incluem dor localizada, rigidez, espasmos musculares e diminuição da flexibilidade. O tratamento pode incluir fisioterapia, medicamentos e exercícios, mas também podem ser necessárias cirurgias ou infiltrações.
Os tratamentos mais modernos já disponíveis
Cirurgia endoscópica da coluna: também conhecida como “cirurgia por vídeo”, é uma técnica cirúrgica inovadora e minimamente invasiva que veio revolucionar o tratamento das doenças de coluna, especialmente as hérnias de disco e estenoses (estreitamento) do canal por onde passam os nervos. O Dr. Mateus Tomaz detalha que a cirurgia é bem mais rápida, se comparada aos procedimentos com aberturas maiores, envolvendo um menor grau de lesão das estruturas musculares e ósseas na região das costas.
Bloqueio de coluna com aspirado de medula óssea (BMA): serve para tratar pessoas que possuem dores crônicas, tanto na região lombar como na cervical, e que continuam com dor mesmo após os tratamentos com fisioterapia e medicamentos. “Neste procedimento, fazemos a infiltração das articulações e dos discos com o aspirado de medula óssea, que é rico em células tronco e ajuda na regeneração das cartilagens e articulações. Se você tem dor há mais de 6 semanas, este procedimento pode te ajudar”, explica Dr. Mateus
Radiofrequência da coluna: indicada para os pacientes que realizaram o bloqueio lombar e apresentaram melhora por um período, mas depois voltaram a relatar a dor. O procedimento é muito parecido com um bloqueio. “A diferença é que, em vez de injetar medicamentos nas articulações, utilizamos agulhas específicas que transmitem calor, gerando uma lesão térmica que destrói o nervo que está transmitindo a dor”, explica o médico. Após esse procedimento, é esperada uma resposta mais duradoura do alívio da dor.