Lançamento de ‘A origem da Mídia Ninja no discurso dos jornalistas’ acontece no mês em que as Jornadas de Junho de 2013 fazem oito anos
O jornalismo brasileiro passou por grandes mudanças a partir das Jornadas de Junho de 2013. Com o livro “A origem da Mídia Ninja no discurso dos jornalistas”, Marcello Riella Benites aponta possíveis causas dessas transformações, que incluem o fortalecimento das narrativas midiáticas independentes e as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs). O lançamento, que ocorreu no dia 29 de junho pelo YouTube, teve mesa-redonda com o autor, que é mestre e doutorando em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), de Campos de Goytacazes (RJ).
Jornalista formado pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO / UFRJ) e com quase 30 anos de experiência profissional, Benites teve coragem de olhar o próprio ofício de forma crítica. Ao mesmo tempo que mostra a identidade frágil da categoria, comprova que é possível reinventar o jornalismo, conciliando antigos e novos tipos de narrativas. O livro, no entanto, não é apenas para iniciados no tema, mas atraente e acessível a todos os interessados.
“Benites, com um texto fluido e bem construído, traz uma importante contribuição ao debate sobre as narrativas midiáticas independentes. O livro não só lança luz sobre questões em torno da crise de identidade do jornalismo profissional, mas também dá pistas para entendermos o atual momento”, explica o jornalista e professor da Uerj e UFRJ, Marcelo Kischinhevsky, na apresentação da obra.
Mídia Ninja
Tudo parte de um questionamento: como os jornalistas formados e atuantes nos veículos tradicionais receberam, em 2013, a grande novidade das narrativas independentes, em especial da Mídia Ninja? A partir de artigos publicados no site Observatório da Imprensa, pioneiro na crítica da mídia no país e naquele período ainda liderado por Alberto Dines (1932-2018), a publicação analisa o discurso desses profissionais sobre os “Ninjas“.
Como lembra Benites em seu livro, portando celulares conectados à internet, os jovens integrantes do grupo eram muitas vezes os únicos a conseguir registrar ao vivo as Jornadas de Junho de 2013. Os veículos tradicionais com frequência viam os manifestantes como desordeiros, sendo algumas vezes até hostilizados nos protestos.
Discurso e Tecnologia
A partir da Análise de Discurso (AD) de origem francesa, o pesquisador mostra como os jornalistas receberam as novidades trazidas pela Mídia Ninja. E faz isso de forma didática, possibilitando que todos possam entender o assunto. O livro, aliás, oferece um primeiro aceno introdutório à AD, metodologia que une marxismo, linguística estrutural e psicanálise.
Percorrendo brevemente a trajetória das tecnologias da comunicação desde os mitos e da filosofia grega até a revolução da internet, o autor comenta os episódios fundamentais da cultura, como o Iluminismo. Além disso, apresenta estudo histórico sobre o jornalismo brasileiro.
“Escrevi o livro pensando em todos que queiram contribuir com o resgate desse ofício tão importante para a democracia. Com base nessa consciência, desejo incentivar o reforço da identidade do jornalista e estimular o crescimento da autoestima profissional”, conclui.