Restauração florestal em área de mineração de bauxita tem projeto premiado

Restauração florestal em área de mineração de bauxita tem projeto premiado

Estudos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em parceria com a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), estão implementando práticas inovadoras de restauração florestal, reabilitação do solo e manejo em áreas mineradas pela Companhia. Um deles, premiado como o Melhor Trabalho de Pesquisa do Centro de Ciências Agrárias da UFV, apresentado no Simpósio de Integração Acadêmica (SIA 2019), vem promovendo a restauração florestal de um local onde funcionava a área administrativa da CBA, em Miraí, MG.

Florestas nativas

Desenvolvido pelo Laboratório de Restauração da UFV (LARF), coordenado pelo professor Sebastião Venâncio Martins, do Departamento de Engenharia Florestal da UFV, o projeto faz parte da parceria com a CBA e visa desenvolver pesquisas e orientações técnicas sobre restauração de florestas nativas, tanto em áreas mineradas como em áreas de compensação ambiental. O LARF também faz pesquisas de monitoramento das áreas em processo de reabilitação da CBA, a partir das quais são desenvolvidas uma série de dissertações, teses e pesquisas de iniciação científica.

A pesquisa premiada no SIA 2019 foi de uma de suas orientadas, a estudante de Engenharia Florestal Patrícia Aparecida Laviola Ricardo, com o trabalho de iniciação científica “Regeneração natural, crescimento e sobrevivência de mudas em uma área em restauração no ambiente de mineração de bauxita, Miraí, MG”. Desenvolvida pelo LARF, em parceria com a CBA, a pesquisa foi destaque do Centro de Ciências Agrárias, o maior centro de ensino, pesquisa e extensão da UFV, sendo premiada no SIA 2019 – um dos maiores eventos da universidade, que no último ano contou com mais de 1.300 trabalhos apresentados.

Compensação ambiental

O trabalho foi realizada em um local onde funcionava a parte administrativa da CBA, em Miraí. Com a mudança de local dessa área, todas as construções foram removidas, deixando exposto um subsolo compactado e pouco fértil. A área foi destinada à compensação ambiental e está se transformando em uma floresta nativa. Por meio dessa parceria, o LARF orientou a subsolagem, a semeadura de espécies de adubos verdes e o plantio de mudas de espécies arbóreas. Também foram implantadas técnicas alternativas de restauração, como transposição de serapilheira, instalação de poleiros de bambu e semeadura direta de espécies nativas da Mata Atlântica.

A equipe do LARF vem monitorando a área desde o início das atividades, no final de 2016, avaliando dados de compactação e fertilidade do solo e de vegetação, em intervalos regulares. Apenas um ano após começarem os trabalhos de restauração, os resultados já eram surpreendentes: solo coberto por vegetação e mudas com ótimo crescimento. Hoje, três anos depois, a área antes ocupada por subsolo exposto e compactado se encontra totalmente coberta por vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. As árvores plantadas apresentaram elevada sobrevivência e crescimento, algumas delas já com 3 metros de altura. “Apesar da área ter sido ocupada por construções, deixando um subsolo muito compactado e pobre em nutrientes, está sendo possível uma restauração plena. Vejo isso como algo muito positivo para a região, pela seriedade do trabalho que é realizado, focado na qualidade ambiental e social”, avalia o professor Sebastião Venâncio.

Erosão do solo

Os estudos do convênio LARF-CBA não se limitam apenas a esta área do antigo escritório administrativo da empresa. Ela se estende também à outras áreas em processo de reabilitação nas unidades de Miraí e de Itamarati de Minas. Tanto mineradas como de compensação ambiental. Análises de imagens de satélite da tese de doutorado de Diego Balestrin, orientado pelo prof. Sebastião Venâncio, mostram que a cobertura florestal na região antes da chegada da CBA era menor do que é hoje. Ele aponta para o seu aumento e para a redução da erosão do solo, graças ao trabalho de restauração.

“Ter uma mineração sustentável e ambientalmente viável é essencial. E tudo isso mostra que a atividade da CBA na região é ambientalmente sustentável, pois acompanhamos uma recuperação muito boa da cobertura florestal. Além disso, mostramos que as áreas impactadas conseguem retornar à vegetação que havia antes. Em alguns casos até com mais diversidade e qualidade. Para se ter uma noção, 146 espécies nativas da Mata Atlântica já foram encontradas em algumas dessas áreas mineradas e restauradas. Com apoio da UFV, nós temos a capacidade de promover um modelo de mineração que seja exemplo”, afirma o professor.

“Esta parceria representa o compromisso da CBA com o meio ambiente e a sociedade. Conservando e aprimorando a qualidade dos solos e das matas nativas em áreas mineradas e de compensação ambiental. Para nós, esses resultados são mais um exemplo de como o nosso trabalho vai além da mineração. Sempre com o objetivo de construir um rico legado para as comunidades onde atuamos. Esperamos que a parceria com a UFV proporcione benefícios cada vez melhores”, comentou Christian Fonseca de Andrade, gerente das unidades da Zona da Mata da CBA.

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