Desde os tempos mais remotos, o ser humano utiliza de adornos corporais para mostrar seu status social, sua religião, sua identidade, seu gosto estético e até mesmo para fins práticos. Antes, eram com os objetos encontrados no dia-a-dia, mas há cerca de 6 mil anos o homem aprendeu a explorar o ouro para fazer joias. Por exemplo, no Egito e na Grécia Antiga já utilizavam acessórios de ouro e pedras preciosas, como colares, braceletes, brincos e alianças de casamento. Esse trabalho que era inteiramente artesanal, está se atualizando, e as inovações trazem maior praticidade de produção, personalização, durabilidade e até mesmo novas funções para as joias.
Ao considerar o grande crescimento do setor joalheiro, é visível porque as joalherias podem sentir a necessidade de usar tecnologias. Só no Brasil, esse mercado cresceu em um ritmo acelerado de 18% em cinco anos, gerando R$ 74 bilhões em 2022, e com expectativa de dobrar até 2030, conforme pesquisa feita pela Bain. Com tamanha demanda, as joalherias precisam ter uma grande produção e conseguir acompanhar as tendências da moda, sem perder a qualidade.
Além disso, o Brasil está entre os 15 maiores produtores de joias em ouro do mundo, com aproximadamente 22 toneladas de peças criadas e vendidas no país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). Ou seja, com tantas opções disponíveis, é preciso oferecer diferenciais para atrair a atenção do consumidor, e a tecnologia pode ser uma delas. O fundador da Isadora Joias, Diego Assunção, explica que “as pessoas buscam joias que contem suas histórias, especialmente no caso das alianças, por isso a tecnologia é uma aliada, permitindo personalização única da joia”.
Em relação ao comportamento dos consumidores brasileiros, uma pesquisa do Mordor Intelligence explica que há demanda por novas variedades e designs de joias e preferência por joias feitas de pedras e metais preciosos. Bem como, mostra o aumento das compras de joias on-line, gerando um incentivo para os joalheiros inovarem, desde a personalização, curadoria e opções de teste em casa.
Inovações no mercado de joias
1. Design Assistido por Computador (CAD)
A primeira etapa para se fazer uma joia, é desenhar seu modelo. Inicialmente, era feita no papel, mas agora é possível fazer pelo computador. O Computer Aided Design, ou em português, Desenho Assistido por Computador, é um software para elaborar desenhos digitais.
As vantagens de usar o software são a precisão nos desenhos, redução de erros, realização de medições exatas e alteração de forma fácil no design.
2. Impressoras 3D
Entre as técnicas tradicionais utilizadas para a produção de joias, está a fundição com cera perdida. Basicamente, o designer esculpe à mão o padrão da joia em cera, coloca em um molde, para depois de queimado, derramar dentro o metal precioso (ouro ou prata) e criar a peça fundida. Contudo, esse é um processo demorado e pode gerar erros, sendo necessário refazer a peça.
Atualmente, é possível facilitar a criação da peça. Os designers usam os softwares CAD para criar o desenho da joia, e então a imprimem em 3D, com material de resina de cera fundida. Assim, não é mais preciso fazer à mão e já passa para a etapa de colocar no molde. Isso inclui os mais diversos tipos de joias, como anéis solitários, alianças, brincos, etc. sendo criadas com designs detalhados de forma rápida e com menos desperdício.
3. Realidade aumentada (AR) e a realidade virtual (VR)
AR e VR são inovações que ajudam na experiência do cliente que irá comprar on-line. A realidade virtual pode criar showrooms imersivos, para interagir com modelos 3D de joias. Já a realidade aumentada, mostraria as joias nas suas mãos, pescoço ou orelhas.
Entre as joalherias que estão fazendo uso de AR, as marcas de luxo Cartier e Tiffany fizeram uma colaboração com o Snapchat, para que os usuários da plataforma pudessem “experimentar” suas joias por meio de filtros. Já entre as marcas brasileiras, a Isadora Joias, tem um criador de alianças, para que os clientes personalizem a aliança de casamento ou aliança de namoro, desde o formato, medidas, metal, entalhes, pedras até a gravação, e no fim possam ver como fica na mão, podendo alterar a cor da pele e o gênero do desenho.
4. Corte e solda a laser
O corte a laser serve para adicionar formas em uma joia, como a gravação do nome do casal na aliança ou o desenho de flores em um bracelete. Com o design pronto no CAD, a máquina conduz o laser sobre o material, obedecendo ao desenho, sem precisar de moldes, cortando e gravando as chapas finas em poucos minutos.
Já a solda a laser é precisa e tem pouco impacto sobre a joia, sendo ideal para soldar locais de difícil acesso e fazer reparos sem a retirada das gemas. Bem como, soldam joias com materiais que não podem ser expostos aos calor.
5. Tecnologia wearable
A tecnologia wearable (vestível) se refere aos dispositivos eletrônicos que podem ser usados como acessórios ou roupas. O mais conhecido para o público brasileiro é o smartwatch, os relógios inteligentes. Além de receber mensagens, alguns deles podem monitorar a frequência cardíaca, os passos e os padrões de sono.
Contudo, no exterior estão aparecendo mais opções, por exemplo, a joalheria americana, Alaska Jewelry, possui o “Anel da Lembrança”, uma aliança de casamento que aquece quando está perto do aniversário de casamento, como um lembrete.
6. Inteligência artificial
A inteligência artificial (IA) pode trazer inovações nas joalherias. Desde ideias que ajudem no processo criativo para coleções de joias, personalizações, identificar falhas, rastrear a procedência dos materiais e muito mais.
Portanto, Diego Assunção, o empresário de Isadora Joias, conclui que “as inovações unem tradição e tecnologia, permitindo que o setor joalheiro ofereça joias cada vez mais personalizadas e significativas”.