Após a consultoria Think Olga divulgar que 45% das mulheres passam por algum transtorno mental, no pós-pandemia, a chegada do Dia Internacional da Mulher reacende a necessidade de discussão sobre o bem-estar mental e psicológico delas. O relatório “Esgotadas: o empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres” a cada 10 pessoas que precisam de acompanhamento psicológico no Brasil, 6 são mulheres, no pós-Covid.
Para a psicóloga e escritora Leila Favrin, a expressão “transtorno mental” engloba uma série de condições capazes de afetar o humor, o raciocínio, o sono e o comportamento das mulheres, o que pode impactar as relações interpessoais dela.
“Durante a pandemia, sentimentos como medo de morrer, solidão, morte de entes queridos, luto, preocupações financeiras, foram dados importantes para o surgimento desse quadro. A sobrecarga de trabalho e a preocupação dentro de casa, o confinamento com doentes, o convívio mais íntimo com parceiros agressivos e, por vezes, violentos, emocional ou fisicamente, também desestabilizam ainda mais o equilíbrio dessa mulher”, aponta Favrin.
A autora do livro “Semilouca”, lançado pela Editora Viseu, também destaca os desafios emocionais de mulheres em diversas condições, e reflete que as dificuldades que a mulher enfrenta na atualidade dependem muito da identidade social delas.
“Dependendo do nível social, algumas podem ser mais conformadas, com esse tipo de situação. Por outro lado, percebo que a autonomia é fundamental para as mulheres. Porém, essa cobrança acaba trazendo conflitos internos para essa mulher, que acaba vivendo em uma situação de ambivalência”, diz.
Os dados da pesquisa confirmam a colocação da profissional, já que traz um percentual de 86% de mulheres que dizem estar sobrecarregadas com o nível e quantidade de responsabilidades, seja no ambiente de trabalho ou no doméstico.
A pesquisa vai além, mostrando ainda que as dificuldades financeiras enfrentadas por cuidadoras e mães-solo são a principal causa de impactos na saúde mental de mulheres com esse perfil, o que se soma ainda à sobrecarga de responsabilidades.
“Será necessário mexer em relacionamentos tóxicos que alimentam essa baixa auto estima. Questionar-se. Expressar-se. Entender que motivos a impelem à auto sabotagem, obscurecendo a sua primeira natureza. Provavelmente ela vai aprender a dizer não para situações opressoras que bloqueiam suas emoções genuínas”, considera Leila.
Ela destaca ainda a importância das temáticas no campo social, onde as questões identitárias e sociais precisam ser consideradas para que todas as mulheres alcancem o bem-estar psicológico. “Essa é uma época marcada por um turbilhão de mudanças e desafios, onde o equilíbrio emocional se tornou uma busca constante e fundamental para todas nós”, Conclui.