Como testar a acessibilidade do e-commerce?

Como testar a acessibilidade do e-commerce?

Acessibilidade é a medida que algo é acessado por todos, independentemente de suas habilidades e deficiências. Segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 8,4% da população brasileira, sendo 17,3 milhões de pessoas, têm algum tipo de deficiência. Pessoas com deficiências (PcD), são aquelas consideradas com uma limitação permanente física, motora, intelectual, visual ou auditiva.

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) constatou que hoje no Brasil, 74,18% das pessoas com deficiência (PcD), afirmam realizar algum tipo de compra através do comércio eletrônico. Essa população já é adepta ao consumo e-commerce, mas encontra desafios dentro da navegação dentro de websites, muitas vezes dificultando o acesso e a finalização na aquisição do produto.

Após a pandemia, houve o aumento de lojas abrindo ou migrando para o e-commerce, apesar de um movimento de consumo que gera bilhões em receita, segundo levantamento da Big Data Corp, apenas 0,8% das páginas disponíveis para compra, podem ser consideradas uma página acessível.

Como se aplica no ambiente digital?

Acessibilidade é tudo aquilo que é prático, intuitivo e como a própria palavra diz: acessível, para todos, independente de sua condição, não só PcDs, mas pessoas idosas, residentes em áreas com restrito acesso à internet, com condições financeiras, educacionais, contextuais diferentes e desafiadoras.

Ignorar condições acessíveis no meio digital ou não dar atenção a ela, é dificultar a jornada de compra além de perda de rendimento por parte das marcas. À medida que as pessoas envelhecem, se esbarram  com dificuldades impostas pela vida, precisando de soluções acessíveis de consumo.

Caso uma pessoa PcD não possa acessar o conteúdo, é muito provável que compre em outro lugar que seja mais adequado para ela.

Dificuldades de acesso

As dificuldades de acesso encontradas são variadas, desde a falta de contexto para navegar no site, até a impossibilidade de realizar uma compra efetivamente como a escolha do produto ou até mesmo o pagamento. As falhas e dificuldades geram prejuízos na experiência do cliente, que vai perdendo a vontade de comprar e as marcas o poder de conversão e retenção dos pedidos.

Medidas para o e-commerce

Segundo o WACG (Web Content Acessibility Guidelines), para que um conteúdo seja considerado acessível é necessário atender a quatro critérios: 

Ser perceptível

É importante observar se há algum conteúdo no site que uma pessoa PcD não conseguiria perceber. Atenção às imagens e inclusão de texto alternativo, inclusão de legendas em vídeos, transcrição e tradução para Libras.

Ser facilmente operável

Basicamente o consumidor precisa conseguir usá-lo. Pensando-se na navegação alternativa, teclado sensível ao toque, conseguindo o consumidor controlar os elementos apresentados.

De fácil compreensão

As informações e o uso do site para o usuário, são melhor compreendidas quando apresentam linguagem clara e fácil. É importante garantir que o usuário esteja entendendo a mensagem que o site deseja passar, muitas vezes explicações mais longas e detalhadas podem resolver a falha de comunicação. 

Acompanhar a tecnologia

Hoje é possível contar com uma série de ferramentas para auxiliar os profissionais da área na avaliação da acessibilidade de sua loja online. Segundo Diego Fernandes, CPIO (Chief Process And Innovation Officer) da Go Biz, algumas ferramentas devem ser testadas para que a acessibilidade se torne cada vez mais eficiente, como boas práticas de programação:

Formulários

Ao criar formulários, é importante considerar não apenas os nomes dos campos, mas também as descrições do que precisa preencher, se possível. Os campos devem ser identificados usando tags no HTML. Passar o nome do campo por essa tag garante que ele possa ser lido pelo software leitor de tela. 

Menu

Menus longos podem ser cansativos para pessoas com certos problemas. Ao criar menus, é importante estar ciente de que algumas pessoas podem usar a navegação pelo teclado com a tecla Tab. A ordem das informações também é importante e deve fazer sentido na navegação.

Imagens

Para adicionar uma imagem à loja, o uso da tag lab cria um texto alternativo em seu conteúdo visual. Essas opções são utilizadas não apenas pelo PcD (para leitores de tela), mas também se o usuário estiver conectado, tiver problemas para exibir imagens ou estiver usando o navegador apenas no modo texto. O objetivo é sempre evitar que o usuário perca o contexto. Ele deve entender tudo exibido no site.

HTML: uma boa base para acessibilidade

É possível tornar acessível o HTML apenas codificando de maneira semântica. Isso significa usar os elementos HTML corretos para a finalidade a que se destinam, tanto quanto possível. 

O HTML semântico não demora mais para escrever do que a marcação não semântica (ruim) se fizer isso de forma consistente desde o início do projeto. A marcação semântica tem outros benefícios além da acessibilidade:

  1. Mais fácil de desenvolver – como mencionado acima, obtém-se algumas funcionalidades gratuitamente, além de ser mais fácil de entender.
  2. Melhor em dispositivos móveis — o HTML semântico é mais leve em tamanho de arquivo do que o código não semântico e mais fácil de tornar responsivo.
  3. Bom para SEO — os mecanismos de pesquisa dão mais importância às palavras-chave dentro de cabeçalhos, links, etc. do que palavras-chave incluídas em div não semânticos.

Acessibilidade de CSS e JavaScript

CSS e JavaScript, quando usados ​​corretamente, também têm o potencial de permitir experiências acessíveis na web. Mas também possuem o poder de prejudicar significativamente a acessibilidade se forem mal utilizados e não obedecerem a boas práticas de codificação

A acessibilidade deve ser lembrada na construção de um negócio e sua aplicação no e-commerce, desde o início. Neste caminho, é muito importante o comprometimento das pessoas envolvidas, em criar algo que gere valor para os usuários. Por isso é tão importante incluir vários testes durante esse processo, tornando o projeto uma aplicação viável e funcional, gerando melhores experiências, autonomia e atendendo a todos os públicos.